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Professores e diagnósticos médicos

Saiu a edição especial de atenção psicossocial à crianças e adolescentes dos Cadernos Brasileiros de Saúde Mental. Recomendo fortemente a leitura de um artigo: TDAH em crianças e adolescentes: estudo com professores em uma escola pública do sul do Brasil, de autoria de Fernanda Martinhago e Sandra Caponi.

No artigo os autores analisaram como os professores identificam o que seria TDAH e quais são as estratégias que compreendem como sendo as mais adequadas para o contexto escolar diante deste diagnóstico.

Muito curioso (e triste de constatar) como os professores compreendem de alguma forma os fatores complexos - de ordem social, cultural, econômica e etc. - e as implicações deste absolutamente controverso diagnóstico, mas ao final reduzem a compreensão à expressão de certos comportamentos individuais tidos como inapropriados. E, nessa ótica, apresentam como estratégias as de cunho individual - a criança é o problema, logo as estratégias são focais - e, em sua enorme maioria, ligadas ao campo da saúde. Ou seja, os professores entendem que uma situação desafiadora e complexa que se expressa no campo da educação, é localizável no comportamento de um indivíduo, sendo a resposta do campo da saúde.

Tem como dar certo?

Não.

Chama atenção também que 50% afirmam como estratégia o atendimento psicológico. Na literatura internacional tem sido discutido como um problema a 'psicologização' da vida e das respostas para os desafios da vida. É como se tivéssemos feito a crítica da medicalização, mas substituímos pela psicologização. Na psicologização o que se faz é buscar uma saída para o campo da educação, para os desafios de ensinar, fora do campo da educação.

Tem como dar certo?

Também não.

Então o que fazer? Buscar saídas coletivas que enfrentem a situação na complexidade em que ela se apresenta, questionando inclusive o próprio diagnóstico de TDAH, e dentro de sala de aula buscar saídas que sejam inscritas no próprio campo da educação.

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