Por que não estamos todos revoltados?
- claudiabraga10
- 1 de fev. de 2022
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A Revolta dos Malês, protagonizada por pessoas negras sequestradas do continente africano e escravizadas no Brasil, aconteceu entre 24 e 25 de Janeiro de 1835 em Salvador, Bahia. A luta principal era uma: a liberdade, motivada – dentre outras coisas – pela legítima recusa da condição de servidão. Ocorre que a revolta foi delatada no dia 24 e duramente reprimida no dia 25 pelas forças do império. Os líderes e participantes da revolta receberam como punições açoites e penas de morte. A vida em Salvador seguiu.
No dia 24 de janeiro de 2022, Moïse Mugenyi, nascido na República do Congo e tendo chegado ao Brasil ainda criança na condição de refugiado político, foi ao quiosque ‘Tropicália’ na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, cobrar o pagamento que lhe deviam pelos dias que trabalhou ali atendendo clientes na praia; seu gesto era motivado pelo legítimo direito de receber pelo que havia trabalhado. Moïse, no entanto, foi amarrado e linchado; ali mesmo, naquele quiosque, decretaram que sua pena por não aceitar a condição de servidão seria a morte. O corpo sem vida de Moïse ficou largado na escada do quiosque enquanto clientes eram atendidos e a vida no Rio de Janeiro seguia. Sua família e seus amigos souberam de seu assassinato no dia 25.
Séculos de diferença e uma mesma reposta: à pessoa negra que reivindica a condição de liberdade, igualdade e cidadania, o linchamento e a morte.
E a sociedade seguirá indiferente a mais uma barbárie?
Os trópicos não são só tristes.
Este trópico também é profundamente xenofóbico, racista e escravista.
Até quando?
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